segunda-feira, 21 de julho de 2008

Dia do Amigo - Márcio Bezerra

Neste dia tão importante, não poderia deixar de registrar aqui meu desejo de muita prosperidade e expressar minha gratidão por ter um número tão grande amigos que consegui obter durante estes cansativos e tão longos anos.

Vitórias e Derrotas. Percalços, obstáculos, alegrias, tristezas, conversa boa, conversa difícil, consolação, apoio... enfim, cada momento da nossa existência é e será sempre permeado por essas pessoas que Deus pôs no nosso caminho para poder chamá-los de irmãos do coração!!!

Sucesso e Força Sempre, pra todos vcs meus amigos!!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Feira Cultural CE5J – Por Márcio Bezerra.

A feira cultural do Centro educacional 5 de julho foi realizado dia 20 de Junho de 2008, com início as 9 h da manhã.

A banda do Colégio Dom Otom participou da cerimônia de abertura, exibindo todo o seu talento na execução dos temas musicais inerentes a cerimônia.

O tema central deste evento foi: VALORES. A idéia era conduzir os alunos a resgatar elementos necessários e fundamentais para a convivência harmoniosa em uma sociedade. Atualmente, existe certa desconfiança na degradação (ou, na visão dos pessimistas, a destruição!) desses princípios que caracterizam o convívio pleno com o “diferente”; elemento visível e concreto que mantém a sociedade num eterno conflito, mas que é alicerce pra inovar e promover a interação entre os seus membros.

Princípios como: compaixão, respeito, coragem, amor, misericórdia, polidez, companheirismo, cooperação, atitude, superação, ética, entre outros, foram os sub-temas tratados.

Um dos destaques foi a apresentação do corpo de bombeiros, (um grupamento cujo sinônimo é coragem) com uma palestra sobre dicas pra evitar acidentes em casa.

Quem quiser ver o vídeos de demonstração, estão aí os links:

http://br.youtube.com/watch?v=aGBZdhaXTmM
http://br.youtube.com/watch?v=woctwufhChA

Misericórdia

O tema tratado por nosso grupo foi à misericórdia, entendido como atitude daquele que tem preocupação pela situação em que vive o seu próximo. Os alunos de parte da 101 MA se esforçaram em produzir um trabalho que atendeu as expectativas do evento.

O painel também foi alvo de elogios inclusive pela coordenação do evento.

Basicamente, devemos conceder menções honrosas a praticamente todos os trabalhos, uma vez que houve empenho e dedicação de todas as turmas da escola em apresentar, sobre os mais diversos meios, a importância desses valores para a existência de uma sociedade plural, democrática e participativa. Anseio que todos nós buscamos para um mundo ser realmente bom pra todos.

Aos alunos, funcionários, inspetores, professores e coordenação da escola e principalmente do evento – Professoras Suzana C. e Andréia Q. – Parabéns pelos excelentes resultados alcançados.

Mais uma vez, mesmo com pecados na estrutura geral, esta feira foi um sucesso!

OBS: aqui a "coleção de brindes e folders" relativos a execução da feira cultural que juntei durante o evento. Até pulseira do rubro-negro carioca (flamengo) se juntou nessa festa!

sábado, 28 de junho de 2008

A Farra da Legalização da Grilagem - Por Ariovaldo Umbelino

Por Ariovaldo Umbelino – 07/04/2008

A grilagem das terras públicas na Amazônia continua nos noticiários. Agora, trata-se da Medida Provisória 422, que dispensa de licitação a venda de terras públicas do INCRA até 1.500 hectares. E, por trás dela, está a estratégia de ação do agrobanditismo em sua sanha de se apropriar das terras públicas griladas daquela região.

Em outro artigo neste site, mostrei que a grilagem das terras públicas da Amazônia sempre veio alimentada pelas políticas públicas dos diferentes governos nos últimos cinqüenta anos. Mas, como a legislação constitucional impede que isso se faça, o caminho passou a ser tentar conseguir através de subterfúgios jurídicos sua legalização. Como a Constituição de 1988 manda compatibilizar a destinação das terras públicas com o plano nacional de reforma agrária, uma nova estratégia passou a ser montada para continuar favorecendo os grileiros do agronegócio.

Uma banda podre dos funcionários do INCRA, particularmente os que "cuidam" do cadastro, passaram a "oferecer" e "reservar" as terras públicas do INCRA para os grileiros e indicar o caminho "legal" para obtê-las. Portanto, quem está realizando esta "grilagem legalizada" é uma parte dos próprios funcionários corruptos do INCRA e dos órgãos estaduais de terra. A denúncia destes fatos já levou a Polícia Federal a fazer a Operação Faroeste no Pará e o Ministério Público Federal a mover ação para cancelar os "assentamentos da reforma agrária laranja" da regional do INCRA de Santarém-PA. O motivo é sempre o mesmo: a tentativa de "oficializar" a grilagem das terras públicas.

Em 2003, o INCRA possuía na Amazônia Legal mais de 60 milhões hectares, assim distribuídas pelos Estados:

Amazonas, 20,9 milhões de hectares;

Pará, 17,9 milhões;

Roraima, 9,2 milhões;

Acre, 6,2 milhões;

Mato Grosso, 5,7 milhões;

Rondônia, 4,9 milhões;

Maranhão, 1,7 milhões;

Tocantins, 1 milhão de hectares.

Entretanto, os grileiros do agrobanditismo "cercaram e se apropriaram privadamente" de tudo, pois os funcionários corruptos do INCRA "venderam" para eles ilegalmente todo este patrimônio público. Agora estão junto como o governo Lula, propondo "soluções jurídicas" para legalizar o crime cometido.

A história é a seguinte:

No final do ano de 2005, conseguiram através do artigo 118 da Lei nº. 11.196 de 21/11/2005 (a chamada "Medida Provisória do bem") alterar a lei de licitações públicas (Lei nº. 8.666, de 21/06/1993), conseguindo a permissão para regularizar, através da venda, aqueles que tinham grilado as terras públicas do INCRA na Amazônia Legal com área de até 500 hectares. Não custa lembrar que o artigo 191 da Constituição de 1988 autoriza a posse de apenas até 50 hectares, quando a terra é devoluta, porque as terras públicas não são passíveis de usucapião (artigo 200 do Decreto-Lei 9760 05/09/1946, § 3º do artigo 183 da Constituição de 1988).

Em 17/05/2006, o INCRA baixou a Instrução Normativa nº. 32, que fixou os procedimentos legais para que este crime da grilagem das terras públicas até 500 hectares pudesse começar a ser legalizado. Era o início da farra da legalização da grilagem.

Mas a banda podre dos funcionários do INCRA não se deu por satisfeita, e, afrontando a Constituição, que manda destinar as terras públicas para a reforma agrária, baixou a Instrução Normativa nº. 41, em 11 de junho de 2007 (publicada no DOU em 18/06/2007), estabelecendo "critérios e procedimentos administrativos referentes à alienação de terras públicas em áreas acima de 500 hectares limitadas a 15 (quinze) módulos fiscais mediante concorrência pública".

E a sordidez destes dilapidadores do patrimônio público não tem limite. Primeiro, com auxílio do agrobanditismo paraense, conseguiram que o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB) apresentasse em 24/10/2007 um projeto de lei que ampliava para até 15 módulos fiscais (mais ou menos 1.500 hectares) a dispensa de licitação e conseqüente autorização para venda aos grileiros das terras do INCRA.

Agora, a desfaçatez do governo do PT parece que não tem mais limite. Lula e Cassel, descaradamente, em nome da reivindicação da base aliada, transformaram (plagiaram) o projeto de lei do deputado Asdrúbal Bentes na Medida Provisória nº. 422. Assim, esta MP que já está em vigor, altera novamente a Lei nº. 8.666, permitindo a dispensa de licitação para alienar os imóveis públicos da União até 15 módulos fiscais.

Isto quer dizer que, como 39% da área dos municípios da Amazônia Legal têm módulos fiscais de 100 hectares, esta dispensa de licitação atingirá áreas griladas até 1.500 hectares. Estes municípios estão principalmente nos estados do Amazonas, Acre, Roraima, Mato Grosso e Pará, todos repletos de exemplos da grilagem de terras do INCRA. Noutros 38% da área dos municípios que têm módulos entre 75 e 90 hectares, a dispensa de licitação atingirá áreas griladas entre 1.125 e 1.350 hectares dos estados anteriores e do Tocantins e Maranhão. Ou seja, as terras griladas que serão regularizadas têm área acima de mil hectares e é o próprio INCRA que reconhece o crime lesa pátria: "assim, entre 70 e 80% das posses de até 15 módulos fiscais estará em torno de 1000 ha, ou menos", em "A MP 422 legaliza e protege a floresta" (http://www.incra.gov.br).

A audácia do diretor de Ordenamento da Estrutura Fundiária do INCRA, Roberto Kiel, é de uma adesão total ao agrobanditismo: "agora eles poderão comprar do governo federal as terras que já ocupavam há anos e não vão precisar concorrer com outros interessados", em "Assinada MP para regularização fundiária da Amazônia" (http://www.incra.gov.br).

Outra parte desta engenhosa operação para legalização da grilagem de terras do INCRA na Amazônia Legal foi o aproveitamento do aumento do desmatamento naquela região para fazer o recadastramento dos imóveis. Ele vai permitir que os grileiros que ainda não tinham cadastrado as terras públicas que grilaram até dezembro de 2004 pudessem agora fazê-lo e assim se habilitarem para "comprar" as terras griladas sem licitação. Aliás, a notícia no site do INCRA sobre o recadastramento já, de forma absurda, reconhece os grileiros como posseiros: "Os donos ou posseiros de áreas maiores que quatro módulos fiscais [...] terão que levar ao Incra, de 3 de março a 2 de abril, documentos que comprovem a titularidade ou posse pacífica da terra, plantas e memoriais descritivos com a correta localização geográfica dos imóveis rurais" (http://www.incra.gov.br).

Dessa forma, é preciso deixar claro que as verdadeiras posses das famílias camponesas ribeirinhas ou não na Amazônia não ocupam mais de 100 hectares; portanto, estes atos do INCRA são para regularizarem as grilagens das terras públicas do próprio INCRA, que seus funcionários corruptos "venderam" para ao agrobanditismo.

Vale lembrar que apenas duas vezes na história do Brasil a grande posse foi legalizada, na Lei de Terra de 1850 e na ditadura militar entre 1964/1984.

Por isso volto a repetir, a MP 422 é uma afronta aos princípios constitucionais e ao patrimônio público: o governo Lula está fazendo o que nenhum governo, depois dos militares, fez, "vendendo" ao agronegócio/banditismo mais de 60 milhões de hectares de terras públicas do INCRA na Amazônia que deveriam ser reservadas à REFORMA AGRÁRIA, à demarcação de terras indígenas e/ou quilombolas e à criação de unidades de conservação ambiental.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Valor da Misericórdia - Por Anieh Grancihurt

Seria talvez uma virtude dependendo de como é empregada. Misericórdia notoriamente não vem só de divindades, pois está ecliticamente ligado a outras possíveis virtudes.

A Misericórdia está diretamente associada com o termo cooperar. Antes de ter misericórdia é de suma destreza apresentar respeito ao próximo. Como tudo que se apresenta a misericórdia é possuidora de duas faces: a correta e a errada, como o bem e o mal.

De certo modo é a hipocrisia de ter piedade e diminuir o ser humano a nada. O que deve importar é a essência que permanecerá por todo o sempre!

Se errar, não julgue, pois estará faltando com o respeito por si.

Estender a mão, um exemplo clássico de correta misericórdia. Este sim seria o momento exato. Sem virtudes não há vida, há sobrevida.

Misericórdia resume-se talvez em valorizar o ser humano acima de qualquer coisa. As virtudes nos completam e se podemos ser completos, o porquê de sermos ocas e vazias.

Virtudes não são apenas palavras. Não devem parecer. Pois palavras como estas são apenas palavras quando não acompanhadas de ação.

O verdadeiro sábio preocupa-se primordialmente em enriquecer o espírito e posteriormente a matéria, porém, apenas é suficiente.

Misericórdia deve impregnada à alma, por si ou não. Sonhos existem para realizar um ser..

O mundo clama por pessoas virtuosas, se queres perfeição, aperfeiçoe-se.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Cemitério na Cidade do RJ - A Construção do Território do Sagrado


Sabe-se que no Brasil os sepultamentos durante o período colonial e parte do Império eram realizados ad Sanctus, ou seja, nas igrejas; a idéia da “boa morte” ainda estava vinculada ao momento da morte da pessoa e o seu local de enterramento.

Neste sentido, dentro de uma mentalidade ainda marcada pela época medieval, estar enterrado em uma igreja era estar perto de Deus, o que significava maior possibilidade de uma vida feliz no além. Assim, as igrejas no Brasil recebiam os corpos de seus fiéis desde que tivessem sido, na vida secular, pessoas de certa posição social e que os seus pudessem arcar com as despesas do sepultamento. Desta feita, quanto mais alta a posição social do defunto, maior sua proximidade com o templo, quando não do próprio altar.

Como disse Cruls:

“até então para os mortos de categoria havia sempre uma catacumba no claustro dos conventos ou uma campa no chão dos templos.”

Tudo era organizado para que este momento da morte transcorresse dentro da mais perfeita ordem, a hora da morte era administrada pelo moribundo de forma calma e serena. Os cuidados já haviam sido tomados quanto à distribuição dos bens, pois, através de testamentos, os cuidados eram providenciados a fim de que a vontade do defunto fosse respeitada. O modo do funeral, a mortalha com a qual deveria ser enterrado, o local e a igreja, tudo já havia sido atestado antes e só restava aos seus o cumprimento das ordens.

A vida rude na Colônia, tanto de colonos como de escravos, estava entregue nas mãos do serviço, praticamente voluntário, do hospital da Santa Casa da Misericórdia, que havia sido fundada em 24 Março de 1582, no Rio de Janeiro, pelo padre José de Anchieta.

Ao lado do hospital, em terreno contíguo, foi erguido um cemitério para o sepultamento das pessoas que lá morriam, os injustiçados e escravos; o de Santo Antônio, que estava sob os cuidados dos Franciscanos, onde é hoje o Largo da Carioca, e que também sepultava escravos; “o dos pretos novos, no antigo Largo de Santa Rita, onde até 1825 houve um cruzeiro”; e o dos mulatos, que se situava no Campo do Rocio e depois Largo de São Domingos, já “desaparecido”. A estes dois últimos, Cruls chamou de “mais ou menos clandestinos”, uma vez que os seus corpos eram deixados “à flor da terra”.

O cemitério da Santa Casa chamou a atenção do reverendo Walsh, que visitou o Brasil em 1828, pela forma descuidada com que ali se praticavam os sepultamentos:

“O enterro é muito simples; faz-se uma cova profunda onde os corpos são colocados. Antes de serem enterrados aí, são depositados sobre um estrado numa casinha que fica no meio do cemitério, até que haja um número suficiente de corpos. Então é realizada a cerimônia fúnebre para todos eles, que são colocados nas covas sem caixões. Algumas vezes nus, mas normalmente envoltos em lona. São colocados de lado, geralmente com a cabeça virada para os pés do outro. Nunca estive neste lugar sem que houvesse quatro ou cinco corpos esperando para serem enterrados e ao sair sempre me encontrava com outros chegando.

Até então, nenhum destes cemitérios citados até aqui conhecia práticas de sepultamento organizadas em bases regulares. Em todos eles, o descuido com o sepultamento era uma marca permanente da maneira com a qual eram administrados. Só em 1839, por causada forma precária com que funcionava o da Santa Casa, foi aberto um cemitério na Praia de São Cristóvão, que também ficou a cargo da Santa Casa e era conhecido como Cemitério do Caju (mais tarde renomeado como Cemitério de São Francisco Xavier).

No caso de o morto ser um protestante europeu, o seu destino era o Cemitério dos Ingleses, com sua localização na Gamboa. Tal cemitério havia sido criado em função do “Tratado de Amizade”, datado de 1810, entre Portugal e Inglaterra. J. J. Reis ressalta que “o Cemitério dos Ingleses no Rio de Janeiro estava adaptado à concepção de uma necrópole longe da cidade”. O cemitério dos ingleses não se parecia em nada com o cemitério da Santa Casa. Era limpo, arborizado e à beira da Praia da Gamboa que, naquele tempo, margeava o campo santo.

É por isto que Maria Graham, que visitou o cemitério em 1832, observou admirada o referido campo santo:

Julgo um dos lugares mais deliciosos que jamais contemplei, dominando lindo panorama, em todas as direções. Inclina-se gradualmente para a estrada ao longo da praia, no ponto mais alto de um belo edifício... em frente a este edifício ficam varias pedras e urnas e os vãos monumentos que nós erguemos para relevar a nossa própria tristeza; entre estes e as estradas algumas árvores magníficas.

Com efeito, o contraste entre ambos era notório. Cemitérios católicos eram completamente diferentes dos cemitérios protestantes: a representação do lugar funerário para os protestantes consistia em uma visão mais serena, amenizada pela presença de árvores que, em certo sentido, conferiam ao local uma sensação de paz, a ponto de Graham afirmar que, “(...) se viesse a ser sepultada ali, os que viessem visitá-la não se sentiriam incomodados”.

Entretanto, os cemitérios católicos apresentavam um ambiente tumultuado, no qual corpos insepultos se misturavam à terra deixando uma sensação de desespero e desorganização. Por outro lado, os corpos sepultados pelos católicos ad Sanctus estavam, de certa forma, sempre junto aos vivos, que vez por outra rezavam por eles uma missa em sua memória.

Os protestantes, uma vez que não praticavam sepultamentos em igrejas, tinham o espaço distribuído mais uniformemente, sem “distinções” aparentes entre os defuntos. Já no catolicismo, a variedade de espaços funerários oferecidos pressupunha a própria diferenciação entre mortos. Uns sepultados sob a nave, estes nos adros, aqueles em conventos e uma grande maioria em cemitérios que deixavam os corpos à flor da terra.

Segundo Cláudia Rodrigues, houve um empobrecimento e um esvaziamento dos cortejos fúnebres a partir dos surtos epidêmicos e da conseqüente proibição dos enterros nas igrejas e cemitérios paroquiais (a partir de 1850 na cidade do RJ). Mostra ela ainda, a partir da análise do uso da roupa fúnebre, que ocorreu no mesmo período um declínio vertiginoso dos enterros com mortaIhas de santos. Um sinal, aliás, de que teria havido transformações importantes na devoção. Visto pelo ângulo dos funerais, os santos certamente perderam o prestígio como protetores dos viajantes para o Além.

O cemitério São João Batista – 1860-1870

Esta foto de Leuzinger, premiada na Exposição de Paris, foi tirada de uma chácara onde Darwin teria se hospedado e observado borboletas. Encontramos ai belas esculturas e obras de arte, encomendadas no passado a escultores famosos.

Aí se encontram os restos mortais de pessoas como Santos Dumont, Carmem Miranda, Afonso Penna, Luís Carlos Prestes, Clara Nunes, Ary Barroso, Cazuza, Tom Jobim e outros tantos políticos famosos, além é claro de muitos de nossos antepassados queridos.

O Cemitério São João Batista é de 1852, quando substituiu o de Pedro II, que existia junto ao hospício da praia, freqüentemente invadido pelas águas. A rua que passa à sua frente é o velho Caminho do Berquó (General Polidoro).

Nesta última foto, vemos o cemitério de Campo Grande - situado na avenida Cesário de Melo. Apesar de reformado, ainda apresenta os traços mais marcantes da mercantilização da morte e da apropriação destes espaços sagrados pela Santa Casa da Misericórdia. Apesar de importante, Ainda sim, é um tema pouco estudado pela geografia.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Cidadania e Universalidade - Por Roberto da Mata

A idéia de cidadania, criada na Europa ocidental a partir do século XVIII, abriu o caminho para a possibilidade de liquidar os privilégios, leis que atribuíam direitos especiais à nobreza e clero. O conceito de cidadania foi um poderoso instrumento para estabelecer a igualdade universal como um modo de contrabalançar e até mesmo acabar com a teia de privilégios que se cristalizam em diferenciações e hierarquias locais. Se a economia de mercado ocasionou uma grande transformação ao libertar os servos da terra e as propriedades dos senhores feudais, a idéia de cidadania complementou essa evolução, estabelecendo o indivíduo como elemento central e determinante do sistema central (...)

A cidadania foi uma construção histórica não sendo, portanto algo natural. Nem todas as sociedades desenvolvem a cidadania. As que os fazem são aquelas em que há um individualismo, onde o indivíduo, igual ao cidadão, é mais valorizado que outras categorias sociais (como a família ou a comunidade). Isso significa que são os indivíduos que permitem a formação da autoridade pública pela representação consentida e livre de seus interesses. A sociedade passa a ser vista como um clube ou associação de cidadãos com múltiplos interesses. E todos iguais perante a lei e a sociedade.

Nas sociedades tradicionais, como é o caso do Brasil, o indivíduo é menos importante que as relações pessoais: a família, as amizades, o cargo que ocupa. Nos EUA ou na Europa, o indivíduo isolado conta com uma unidade positiva do ponto de vista moral e político; mas aqui no Brasil, o indivíduo isolado e sem relações, é algo considerado como altamente negativo, revelando apenas a solidão de alguém que, sem ter vínculos, é um ser humano marginal em relação aos outros membros da comunidade. O que conta no Brasil não é o cidadão ou o indivíduo e sim a pessoa, o conjunto de relações pessoais que alguém possui na comunidade, é o “jeitinho Brasileiro”, (...)

Em outras palavras, enquanto o processo histórico do Brasil foi no sentido de que tudo já estava previsto e dominado pelo centralismo político, tendo o indivíduo que tentar abrir caminhos nessa estrutura, no processo histórico norte americano, ocorreu o inverso, sendo o espírito individualista que criou as leis e o sistema político.

Com efeito, a palavra cidadão é sempre usada com sentido negativo no Brasil, para marcar a posição de alguém em desvantagem ou mesmo em inferioridade. Quando se diz: “O automóvel pertence aquele cidadão”; ou “o cidadão terá que esperar um pouco” sabe-se que o tratamento universalizante é impessoal é usado não para resolver um problema, como nos países onde a cidadania é valorizada, e sim para dificultar a resolução desse problema. É sintomático o uso da expressão bem brasileira: “Você sabe com quem esta falando?”, que aponta para uma desvalorização do indivíduo e do cidadão, onde todos são iguais, com uma valorização da pessoa, das relações (“sou parente de fulano de tal”, “amigo de sicrano”, etc.). De fato, dizer que é cidadão brasileiro numa situação de conflito com a polícia, pode significar a prisão e até mesmo algumas pancadas.

Assim, antes de irem a qualquer pública, a norma e a “sabedoria” indicam que se deve primeiro descobrir as suas relações naquela área. Daí decorrer a dificuldade da crítica sistemática e consciente a qualquer instituição pelos serviços que ela deveria prestar, esbarra-se sempre nos nexos e laços pessoais. Assim, se a companhia telefônica foi péssima para você, ela foi excelente para mim porque “tenho conhecidos e parentes lá dentro”; ou, como se diz atualmente, “eu tenho prestígio na companhia”. Isso torna a critica social aberta não só algo complicado, mas também suspeito. Porque quem critica é um “criador de caso”, ou um “invejoso”. Vale dizer: é porque a pessoa não tem amigos e foi aquela agência pelo pior caminho do Brasil, o da universalidade, o da cidadania.

(adap de: Da MATA, Roberto. A casa e a rua. SP, Brasiliense, 1985. P. 55-73)

domingo, 11 de maio de 2008

O Desafio Populacional - por P. Kennedy

O crescimento demográfico mundial é pesquisado por centenas de estudiosos em todo o mundo. O aumento da população humana em todo o globo causa inquietações e cria perspectivas. Leia atentamente o texto a seguir que aborda quais seriam alguns destes problemas.

O problema do crescimento populacional hoje não consiste só no fato de que a cada ano existe um acréscimo aproximado de 80 milhões de indivíduos no planeta que consomem recursos. O fato básico é que povos diferentes produzem padrões diferentes – alguns crescendo depressa, outros estagnados ou crescendo muito pouco e outros ainda em declínio absoluto. Entre os Anos 1993 à 2025, a previsão é que 95% de todo o crescimento mundial da população ocorrerá nos países periféricos, sendo que a taxa média de crescimento demográfico mundial de 1,7% nos Anos 1990 esconde desigualdades incríveis: Na África esse crescimento é de 3% ao ano e na Europa somente 0,4%.

Tendo em vista os desequilíbrios de tendências entre as sociedades ricas e pobres, parece improvável que não ocorram ondas de imigrações internacionais na aurora d século XXI. A Austrália, por exemplo, deve aumentar sua população hoje (1992) de 17,5 milhões para somente 22,7 milhões no ano de 2025, ao passo que a vizinha Indonésia, com 190 milhões hoje (1992), deve pular para 265 milhões em 2025; Os Estados europeus meridionais – Espanha, Portugal, Grécia, França e Itália – cujas populações combinadas devem aumentar menos de 5 milhões até o ano de 2025, estão próximos dos países norte-africanos – Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Egito – cujas populações devem ser acrescidas de mais de 105 milhões nesse mesmo período; e os EUA, com uma previsão de crescimento populacional de 25% de 1990 a 2025, tem como vizinho ao sul México e Guatemala, que devem crescer nesse período 90% e 225%, respectivamente.

Embora seja claro que os países centrais façam hoje grandes esforços para restringir a imigração, os migrantes desesperados provavelmente não se deixarão desanimar. Nem a lei de imigração e naturalização dos EUA de 1986, e nem as mais freqüentes patrulhas ao longo da fronteira com o México acabaram com o fluxo de imigrantes para o norte, Para os EUA, que voltou a passar de um milhão a cada ano. O momento, nada menos que 15 milhões de homens, mulheres e crianças estão vivendo em campos de refugiados, na Europa Oriental e no sudoeste, sul e sudeste da Ásia, esperando um lugar para onde ir. Embora eles possam encontrar obstáculos, muitos conseguem ultrapassar as fronteiras. São com freqüência ajudados e abrigados por parentes que já fizeram a travessia. E cada vez mais são estimulados pelos meios de comunicação, o que significa que agora as pessoas, mesmo sendo muito pobres, sabe como se vive em outras partes do mundo, e tentam ir para áreas mais prósperas, seja por terra, pelo mar ou pelo ar.

Portanto, apesar de muitos esforços, o controle da imigração nos países centrais provavelmente não terá êxito, diante das acentuadas discrepâncias nos equilíbrios demográficos mundiais. Talvez, a mais convincente de todas as estatísticas seja a que mostra que, enquanto as nações industrializadas ricas representavam um quinto da população da Terra em 1950, essa parcela caiu para um sexto em 1985 e há previsões que vai se encolher ainda mais, para apenas um décimo no ano de 2025.

Neste período, apenas duas sociedades desenvolvidas – EUA e Japão – estarão entre os países mais populosos, e as demais serão consideradas “países pequenos”. Esse fato coloca dois cenários possíveis, e ambos preocupam os países ricos. O primeiro seria a hipótese de os países pobres cresceram economicamente mais que os ricos (hipótese muito difícil e aplicável somente a pouquíssimas nações do mundo), neste caso, haveria uma redefinição do poder global, ou seja, influência política, cultural, econômica e até cultural de umas nações sobre as outras, resultando na diminuição do poderio dos países desenvolvidos. E o segundo cenário seria de os países pobres continuarem presos a armadilha da pobreza, com as desigualdades econômicas continuando a se ampliar, nesse caso, os países desenvolvidos ficariam sitiados por dezenas de milhões de migrantes e refugiados, pobres em sua maioria, ansiosos por viver entre as populações prósperas e cada vez mais envelhecidas dos países do norte.

KENNEDY, Paul; In: Preparando para o século XXI. Rio de Janeiro. Ed. Campos. 1993. P.33-41

Os Problemas Sócio-Ambientais Urbanos

Os problemas sócio-ambientais urbanos são, na maioria, interdependentes e, de forma geral, surgem quase sempre em decorrência dos fatores econômicos que refletem diretamente no poder aquisitivo da população.

Durante décadas, a poluição industrial foi a maior responsável pela má qualidade do ar nas grandes cidades. Hoje, os piores vilões são as linhas de transportes rodoviários, principalmente os automóveis. Cerca de 73% de toda poluição atmosférica urbana são causadas por eles; 10% vem das indústrias e 17% de fontes poluidoras diversas.

As Cidades mais Poluídas do Mundo e que sofrem muito com isso são: Atenas (na Grécia), Buenos Aires (na Argentina), Cidade do México (no México), Calcutá (na Índia), Londres (na Inglaterra), Moscou (na Rússia), Los Angeles e Nova Iorque (nos EUA), Rio de Janeiro e São Paulo (Brasil), Seul (na Coréia do Sul), Tóquio (no Japão) e Xangai (na China).

Os problemas ambientais no espaço urbano ocorrem pela falta de planejamento público e pelos contrastes sociais gerados pela má distribuição de renda, especialmente nos países subdesenvolvidos. Esses dois fatores associados à urbanização acelerada e à especulação imobiliária geram cidades com graves problemas sociais e ambientais. Os países desenvolvidos (ricos ou centrais) não estão excluídos desses problemas, mas, tem intensidade muito menor, quando são comparados aos países pobres (subdesenvolvidos ou periféricos).

Entre os principais dramas vividos pela populações que habitam as grandes cidades e que tem raízes na degradação e alteração do meio ambiente é válido citar:

O Lixo - O Espaço está Acabando

Nova Iorque, Toronto, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador vivem a mesma situação: praticamente não tem mais onde depositar o lixo que seus cidadãos produzem. O aumento de renda ocasionado pelo plano real criou um defeito direto na quantidade de detritos acumulados pelos brasileiros.

As pessoas compraram mais e substituíram artigos a granel por itens embalados: cresceu 25% a produção per capita. O problema é que os paulistas geram tanto lixo quanto os nova-iorquinos, porém os gastos públicos aqui são muito menores. Para armazenar sua lixarada, Nova Iorque fechou um com trato com algumas cidades vizinhas. Paga 15 bilhões de reais por ano para que outros municípios a ajudem a se livrar do problema.

No Brasil, não é exagero dizer que as pessoas estão patinando em lixo. Quase 30% dos detritos produzidos nas residências não são coletados – parte se acumula nas ruas e nos terrenos vazios; outra parte é levada pelas águas e acaba em rios e represas (...). A Europa enfrentou o problema a alguns anos. Os cidadãos foram chamados a produzir menos sujeira e tiveram de pagar mais impostos para que ela fosse recolhida. Por aqui ainda se empurra o lixo com a barriga. A título de exemplo, no Brasil, 30% do lixo dos domicílios não é recolhido pela prefeitura e permanece jogado na rua. A quantidade não coletada em um ano seria suficiente para fazer uma pilha com a dimensão aproximada do pão de açúcar, no Rio de Janeiro.

A ocupação do Espaço Urbano – Impactos na natureza:

Ocorreu de forma desorganizada e rápida nos países subdesenvolvidos. Devido à falta de planejamento urbano, ao desemprego e baixo poder aquisitivo dos habitantes que constituem principalmente a população das grandes cidades, algumas áreas irregulares e impróprias como morros, encostas, várzeas (o mesmo que fundos de vale), mangues, margens de rios e mananciais são ocupados, obviamente, de forma desorganizada e sem nenhuma infra-estrutura, poluindo os mananciais (o mesmo que as fontes de água) e dando origem as favelas e cortiços.

Essa população, além de ocupar as piores áreas e se ressentir da falta de serviços básicos como esgoto, água tratada, coleta de lixo, etc. Acaba sendo vítima, não raro, das enchentes e dos deslizamentos das encostas.

A especulação imobiliária que transforma o lote urbano em uma mercadoria muito cara e inacessível para muitas pessoas, empurra a população mais pobre cada vez mais para as áreas desvalorizadas da periferia e para os conjuntos habitacionais construídos pelo Estado. A população que não tem nenhuma perspectiva econômica de possuir (comprar) uma moradia digna acaba morando na rua ou encontrando solução ocupando terrenos públicos e áreas debaixo de pontes e viadutos onde constrói barracos formando mais favelas.

A forma de ocupação do solo urbano imprime na paisagem, principalmente das cidades dos países subdesenvolvidos e também de algumas dos países centrais, contrastes entre o moderno e o antigo, entre áreas ricas, planejadas com edifícios, condomínios fechados e shoppings e áreas pobres, de ocupação irregular e desordenada. Esse contraste evidencia, claramente, a segregação (separação) no espaço geográfico urbano e muitas vezes, até étnica.

As desigualdades sociais, muito acentuadas nos países subdesenvolvidos, estão nitidamente registradas na paisagem urbana. Na foto, vista da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

A Falta de saneamento básico é outra carência que causa grande impacto na natureza e também é prejudicial a população que moram nos grandes centros urbanos (e no espaço rural também, é lógico!). É um serviço essencial, pois dele depende a higiene e saúde da população. Refere-se ao fornecimento de água tratada (potável) à população e ao tratamento de esgoto e do lixo. A falta desses serviços pode acarretar elevadas taxas de mortalidade infantil, inúmeras doenças, contaminação dos rios e do lençol freático. Os desperdícios de materiais, os produtos descartáveis, o crescimento econômico e o incentivo ao consumo, que chega a ser exagerado, são as principais causas da enorme quantidade de lixo produzido atualmente. Cada cidadão norte-americano produz, em média, 725 quilos de lixo atualmente. O destino do lixo produzido nas cidades é uma das maiores preocupações de seus governantes. A coleta seletiva e a reciclagem constituem uma saída, mas ainda são insignificantes quando comparadas ao lixo produzido, chegando a atingir 50% do total, entre os países que mais reciclam, como, por exemplo, o Japão. O texto complementar a seguir da idéia da gravidade do problema do lixo.

As capitais estão doentes

Nos países centrais, as grandes cidades perderam indústrias, e com elas, muitos moradores foram embora. Em compensação ganharam parques, mais áreas verdes e se tornaram cidades agradáveis para os habitantes que ficaram e cartões de visita para quem esta de fora. Paris, Berlim, Londres e Nova Iorque já foram semelhantes às cidades brasileiras: superlotadas, sujas e ruins para se viver. A diferença é que seus governantes acordaram e colocaram ordem na casa. Quase todas as capitais brasileiras estão na contramão. Na última década São Paulo perdeu e indústrias e, pela primeira vez na história, começou a se esvaziar. Infelizmente a cidade também perdeu um terço da área verde e muitos parques e praças deram lugar a terminais de ônibus e outros equipamentos públicos.

Segundo os urbanistas, as capitais brasileiras estão entre as mais caóticas do mundo. ”São mares de casa” (...) O transito não anda, as paredes e os monumentos públicos são emporcalhados por pichações, falta áreas públicas de lazer e as pessoas vivem amontoadas. É um desafio que parece grande demais para qualquer administrador. Entretanto, os especialistas apontam algumas saídas. Segundo eles, é necessário atacar em duas frentes. Primeiro, os prefeitos precisam encarar a administração com rigor cientifico. Nas capitais de países ricos, cada nova linha de ônibus é detalhadamente examinada. Sabe-se que a instalação de um terminal de transporte num bairro afastado pode atrair moradores rapidamente para regiões que não estão preparadas para recebê-los.

O segundo aspecto, na opinião dos especialistas, é que é indispensável atacar problemas que parecem menores. No Brasil, as maiorias dos prefeitos e das câmaras municipais ignoram ou aparentemente não se importam como uma de suas principais atribuições, que é dedicar-se a regular ocupação do espaço urbano e cuidar das cidades. Aqui, os administradores preferem abordar grandes temas, como saúde, emprego, criminalidade e educação, contudo não percebem a atuação de atuar em outras frentes, mais simples. Boa parte do programa bem sucedido de combate a criminalidade em Nova Iorque estava baseada na construção de quadras de esporte para ocupar os jovens e na limpeza e iluminação de becos, a fim de criar um ambiente menos favorável para os marginais.

Por outro lado as favelas e a periferia de São Paulo, Recife, Vitória e Rio de Janeiro se parecem com trincheiras. Em muitas é difícil até caminhar. A recuperação paisagística de Barcelona colocou a cidade na rota internacional do Turismo e gerou milhões de empregos. (...)

sábado, 10 de maio de 2008

Os Deficientes Cívicos - por Milton Santos

Mundo do pragmatismo triunfante pode destruir o equilíbrio educacional entre a formação para uma vida plena e a formação para o trabalho

Em tempos de globalização, a discussão sobre os objetivos da educação é fundamental para a definição do modelo de país em que viverão as próximas gerações.

Em cada sociedade, a educação deve ser concebida para atender, ao mesmo tempo, ao interesse social e ao interesse dos indivíduos. É da combinação desses interesses que emergem os seus princípios fundamentais e são estes que devem nortear a elaboração dos conteúdos do ensino, as práticas pedagógicas e a relação da escola com a comunidade e com o mundo.

O interesse social se inspira no papel que a educação deve jogar na manutenção da identidade nacional, na idéia de sucessão das gerações e de continuidade da nação, na vontade de progresso e na preservação da cultura. O interesse individual se revela pela parte que é devida à educação na construção da pessoa, em sua inserção afetiva e intelectual, na sua promoção pelo trabalho, levando o indivíduo a uma realização plena e a um enriquecimento permanente. Juntos, o interesse social e o interesse individual da educação devem também constituir a garantia de que a dinâmica social não será excludente.

Em todos os casos a sociedade será sempre tomada como um referente, e, como ela é sempre um processo e está sempre mudando, o contexto histórico acaba por ser determinante dos conteúdos da educação e da ênfase a atribuir aos seus diversos aspectos, mesmo se os princípios fundamentais permanecem intocados ao longo do tempo. Foi dessa forma que se deu a evolução da idéia e da prática da educação durante os últimos séculos, paralelamente à busca de formas de convivência civilizada, alicerçadas em uma solidariedade social cada vez mais sofisticada.

As modalidades sucessivas da democracia como regime político, social e econômico levaram, no após guerra, à social-democracia. A história da civilização se confundiria com a busca, sempre renovada, e o encontro das formas práticas de atingir aqueles mencionados princípios fundamentais da educação, sempre a partir de uma visão filosófica e abrangente do mundo.

Esse esforço, para o qual contribuíram filósofos, pedagogos e homens de Estado, acaba por erigir como pilares centrais do sistema educacional: o ensino universal (isto é, concebido para atingir a todas as pessoas), igualitário (como garantia de que a educação contribua a eliminar desigualdades), progressista (desencorajando preconceitos e assegurando uma visão de futuro).

Daí, os postulados indispensáveis de um ensino público, gratuito e leigo (esta última palavra sendo usada como sinônimo de ausência de visões particularistas e segmentadas do mundo) e, dessa forma, uma escola apta a formar concomitantemente cidadãos integrais e indivíduos fortes. Aliás, foram essas as bases da educação republicana, na França e em outros países europeus, baseada na noção de solidariedade social exercida coletivamente como um anteparo, social e juridicamente estabelecido, às tentações da barbárie.

A globalização, como agora se manifesta em todas as partes do planeta, funda-se em novos sistemas de referência, em que noções clássicas, como a democracia, a república, a cidadania, a individualidade forte, constituem matéria predileta do marketing político, mas, graças a um jogo de espelhos, apenas comparecem como retórica, enquanto são outros os valores da nova ética, fundada num discurso enganoso, mas avassalador.

Em tais circunstâncias, a idéia de emulação é compulsoriamente substituída pela prática da competitividade, o individualismo como regra de ação erige o egoísmo como comportamento quase obrigatório, e a lei do interesse sem contrapartida moral supõe como corolário a fratura social e o esquecimento da solidariedade.

O mundo do pragmatismo triunfante é o mesmo mundo do "salve-se quem puder", do "vale-tudo", justificados pela busca apressada de resultados cada vez mais auto-centrados, por meio de caminhos sempre mais estreitos, levando ao amesquinhamento dos objetivos, por meio da pobreza das metas e da ausência de finalidades. O projeto educacional atualmente em marcha é tributário dessas lógicas perversas. Para isso, sem dúvida, contribuem: a combinação atual entre a violência do dinheiro e a violência da informação, associadas na produção de uma visão embaralhada do mundo; a perplexidade diante do presente e do futuro; um impulso para ações imediatas que dispensam a reflexão, essa cegueira radical que reforça as tendências à aceitação de uma existência instrumentalizada.

É nesse campo de forças e a partir desse caldo de cultura que se originam as novas propostas para a educação, as quais poderíamos resumir dizendo que resultam da ruptura do equilíbrio, antes existente, entre uma formação para a vida plena, com a busca do saber filosófico, e uma formação para o trabalho, com a busca do saber prático.

Esse equilíbrio, agora rompido, constituía a garantia da renovação das possibilidades de existência de indivíduos fortes e de cidadãos íntegros, ao mesmo tempo em que se preparavam as pessoas para o mercado. Hoje, sob o pretexto de que é preciso formar os estudantes para obter um lugar num mercado de trabalho afunilado, o saber prático tende a ocupar todo o espaço da escola, enquanto o saber filosófico é considerado como residual ou mesmo desnecessário, uma prática que, a médio prazo, ameaça a democracia, a República, a cidadania e a individualidade. Corremos o risco de ver o ensino reduzido a um simples processo de treinamento, a uma instrumentalização das pessoas, a um aprendizado que se exaure precocemente ao sabor das mudanças rápidas e brutais das formas técnicas e organizacionais do trabalho exigidas por uma implacável competitividade.

Daí, a difusão acelerada de propostas que levam a uma profissionalização precoce, à fragmentação da formação e à educação oferecida segundo diferentes níveis de qualidade, situação em que a privatização do processo educativo pode constituir um modelo ideal para assegurar a anulação das conquistas sociais dos últimos séculos. A escola deixará de ser o lugar de formação de verdadeiros cidadãos e tornar-se-á um celeiro de deficientes cívicos.

É a própria realidade da globalização -tal como praticada atualmente- que está no centro desse debate, porque com ela se impuseram idéias sobre o que deve ser o destino dos povos, mediante definições ideológicas sobre o crescimento da economia, como a chamada competitividade entre os países. As propostas vigentes para a educação são uma conseqüência, justificando a decisão de adaptá-la para que se torne ainda mais instrumental à aceleração do processo globalitário. O debate deve ser retomado pela raiz, levando a educação a reassumir aqueles princípios fundamentais com que a civilização assegurou a sua evolução nos últimos séculos -os ideais de universalidade, igualdade e progresso-, de modo que ela possa contribuir para a construção de uma globalização mais humana, em vez de aceitarmos que a globalização perversa, tal como agora se verifica, comprometa o processo de formação das novas gerações.

O Chão Contra o Cifrão - Milton Santos

Noção de território nacional desponta hoje como único limite à ação cega do mercado (28/2/1999)

O debate que atualmente comove o país é muito mais que uma queda-de-braço entre governos estaduais e governo federal.

Também não pode se limitar a uma discussão técnica para saber quem deve arcar com o ônus das atuais dificuldades financeiras da maioria dos 27 Estados e dos 5.507 municípios. O que está em jogo, na Federação, é o próprio sistema de relações em que se deveria fundar uma coexistência harmoniosa das atividades, da população e da administração.

A discussão sobre se há ou não crise institucional não se pode contentar com o argumento simplório de que as instituições, isto é, o Legislativo, os tribunais e os governos, estão funcionando. O problema é a qualidade desse funcionamento. Se Estados e municípios tornam-se incapazes de bem exercer o seu papel social e se a União, engessada por compromissos externos, apenas reconhece esses compromissos, o resultado substantivo é um empobrecimento institucional, que pode conduzir à ingovernabilidade e à deterioração dos laços sociais.

Tudo isso tem que ver com a maneira como o país decidiu participar do processo de globalização. Erigido em dado supremo das vidas econômica, social, cultural e política do nosso tempo, o dinheiro funciona como motor e como ator, impondo sua lei e invadindo tudo. Ele se comporta como se fosse dotado de uma racionalidade pura, exercendo-se, de modo inflexível, sobre as outras racionalidades.

A questão está nas outras formas de vida: há, de um lado, a chamada economia real, com todas as produções, todos os consumos, todo o movimento das pessoas e das mercadorias, e, de outro lado, a prestação de serviços socialmente devidos às populações e o próprio exercício da cidadania. Estes últimos são dependentes do fiel cumprimento de suas obrigações, pelas diversas instâncias político-territoriais, a União, os Estados e os municípios.

O problema é esse. Enquanto o dinheiro, na sua forma pura, busca se impor como um dado absoluto, o território é sempre impuro -porque misto-, o resultado de todas as relações entre a existência dos homens e as suas bases físicas e sociais. Levando-se em conta o processo histórico, o território não pode ser considerado uma tabula rasa, uma tela neutra, um espelho, porque é indissociavelmente integrado a todas as pessoas, empresas, instituições que o habitam, e assim dinamizado é, por sua vez, tornado atuante.

As soluções às possíveis derrapagens do funcionamento do financeiro são buscadas no interior do próprio sistema, para substituir uma lógica conjuntural por outra lógica conjuntural, considerada mais perfeita do que a precedente e legitimada por um discurso repetitivo e ruidoso. No mundo atual, o despotismo do dinheiro está ligado a uma lógica auto-referida e auto-explicativa, uma espécie de cachorro dando voltas e mordendo o rabo, razão pela qual busca remédio aos seus próprios tropeços mediante novas construções matemáticas. Sem dúvida, a ortodoxia do sistema financeiro casa-se bem com os setores da economia igualmente tributários de lógicas quantitativas, que potencializam a sua inflexibilidade. Mas a própria economia abriga setores que estranham esses rigores e envolvem a parcela maior da vida social e a prática existencial da maioria das pessoas. Por isso, quando tais lógicas são impostas a todas as situações, agudizam heterogeneidades e assimetrias e provocam fraturas e fragmentações.

Quando o subsistema financeiro se apresenta como se fosse o sistema econômico e social todo inteiro, revela a sua cegueira quanto ao resto da sociedade e desestrutura, ao mesmo tempo, os demais subsistemas. É assim que, ruptura após ruptura, brutalidade após brutalidade, a uma crise sobrevém outra, sempre mais aguda.

O dinheiro em estado puro dá as costas à realidade do ambiente em que se instala. Ele somente se preocupa com "outros dinheiros", cada pedaço das finanças buscando se harmonizar com outro pedaço, câmbio, juros, taxa de inflação, a caterva dos déficits e outros símbolos contábeis-, mas não com os demais setores da vida social. Mas estes têm como base a existência real das pessoas sobre territórios reais e não apenas uma representação estatística e simbólica da vida, como nos comunicados do Ministério da Fazenda e do Banco Central.

É por tudo isso que, hoje, seja qual for a escala, o território constitui o melhor revelador de situações, não apenas conjunturais, mas estruturais e de crise, mostrando, como no caso brasileiro, melhor que outra instância social, a dinâmica e a profundidade da tempestade dentro da qual navegamos.

O território é onde vivem, trabalham, sofrem e sonham todos os brasileiros. Ele é, também, o repositório final de todas as ações e de todas as relações, o lugar geográfico comum dos poucos que sempre lucram e dos muitos perdedores renitentes, para quem o dinheiro globalizado, aqui denominado "real", já não é um sonho, mas um pesadelo.

O território acaba sendo um limite à ação cega das finanças, inclusive porque as suas crises e tremores facilitam uma tomada de consciência dos problemas nacionais, regionais e locais, sobretudo quando o discurso do dinheiro, brutal e reiterado, deixa de ser eficaz e, oferecendo-se como caricatura, torna-se cínico. Fica evidente que a relação belicosa entre o dinheiro e o território revoluciona relações estabelecidas, altera equilíbrios recentes ou pacientemente adquiridos, sepulta valores, amplia o desemprego e afeta o orçamento das famílias e dos municípios e Estados, desorganizando, profundamente, o cotidiano das pessoas e das instituições locais.

A briga entre o chão e o cifrão, da qual está resultando uma sociedade fragmentada e uma Federação ingovernável, não pode ser resolvida como se o dinheiro em estado puro fosse o único pressuposto da vida nacional. Urge encontrar um caminho que nos leve a uma outra Federação, um recomeço a ser buscado com altivez cívica, humildade intelectual e sabedoria política e cujo ponto de partida seja o bem-estar da população e a sobrevivência da Nação.

A Normalidade da Crise - por Milton Santos

A tirania do dinheiro e da informação está na base do atual desarranjo do capitalismo global. (26/9/1999)

MILTON SANTOS

A história do capitalismo pode ser dividida em períodos, pedaços de tempo marcados por uma certa coerência entre as suas variáveis significativas, que evoluem diferentemente, mas dentro de um sistema. Um período sucede a outro, mas não podemos esquecer que os períodos são, também, antecedidos e sucedidos por crises, isto é, momentos em que a ordem estabelecida entre as variáveis, mediante uma organização, é comprometida. Torna-se impossível harmonizá-las quando uma dessas variáveis ganha expressão maior e introduz um princípio de desordem.

Essa foi a evolução comum a toda a história do capitalismo, até recentemente. O período atual escapa a essa característica porque ele é, ao mesmo tempo, um período e uma crise, isto é, a presente fração do tempo histórico constitui uma verdadeira superposição entre período e crise, revelando características de ambas essas situações.

Como período e como crise, a época atual mostra-se, aliás, como coisa nova. Como período, as suas variáveis características instalam-se em toda a parte e tudo influenciam, direta ou indiretamente. Daí a denominação de globalização. Como crise, as mesmas variáveis construtoras do sistema estão continuamente chocando-se e exigindo novas definições e novos arranjos. Trata-se, porém, de uma crise persistente dentro de um período com características duradouras, mesmo se novos contornos aparecem.

Este período e esta crise são diferentes daqueles do passado, porque os dados motores e os respectivos suportes, que constituem fatores de mudança, não se instalam gradativamente como antes, nem tampouco são o privilégio de alguns continentes e países, como outrora. Tais fatores dão-se concomitantemente e se realizam com muita força em toda parte.

Defrontamo-nos, agora, com uma subdivisão extrema do tempo empírico, cuja documentação tornou-se possível por meio das técnicas contemporâneas. O computador é o instrumento de medida e, ao mesmo tempo, o controlador do uso do tempo. Essa multiplicação do tempo é, na verdade, potencial, porque, de fato, cada ator - pessoa, empresa, instituição, lugar- utiliza diferentemente tais possibilidades e realiza diferentemente a velocidade do mundo. Por outro lado, e graças, sobretudo aos progressos das técnicas da informática, os fatores hegemônicos de mudança contagiam os demais, ainda que a presteza e o alcance desse contágio sejam diferentes segundo as empresas, os grupos sociais, as pessoas, os lugares. Por meio do dinheiro, o contágio das lógicas redutoras, típicas do processo de globalização, leva a toda parte um nexo contábil que avassala tudo. Os fatores de mudança acima enumerados são, pela mão dos atores hegemônicos, incontroláveis, cegos, egoisticamente contraditórios.

O processo da crise é permanente, o que temos são crises sucessivas. Na verdade, trata-se de uma crise global, cuja evidência tanto se faz por meio de fenômenos globais como de manifestações particulares, neste ou naquele país, neste ou naquele momento, mas para produzir o novo estágio de crise. Nada é duradouro.

Então, neste período histórico, a crise é estrutural. Por isso, quando se buscam soluções, o resultado é a geração de mais crise. O que é considerado como solução parte do exclusivo interesse dos atores hegemônicos, tendendo a participar de sua própria natureza e de suas próprias características.

Tirania do dinheiro e tirania da informação são os pilares da produção da história atual do capitalismo globalizado. Sem o controle dos espíritos seria impossível a regulação pelas finanças. Daí o papel avassalador do sistema financeiro e a permissividade do comportamento dos atores hegemônicos, que agem sem contrapartida, levando ao aprofundamento da situação, isto é, da crise.

A associação entre a tirania do dinheiro e a tirania da informação conduz, desse modo, à aceleração dos processos hegemônicos, legitimados pelo "pensamento único", enquanto os demais processos acabam por ser deglutidos ou se adaptam passiva ou ativamente, tornando-se hegemonizados. Em outras palavras, os processos não hegemônicos tendem ou a desaparecer fisicamente, ou a permanecer, mas de forma subordinada, exceto em algumas áreas da vida social e em certas frações do território onde podem manter-se relativamente autônomos, isto é, capazes de uma reprodução própria. Mas tal situação é sempre precária, seja porque os resultados localmente obtidos são menores, seja porque os respectivos agentes são permanentemente ameaçados pela concorrência das atividades mais poderosas.

No período histórico atual, o estrutural (dito dinâmico) é, também, crítico. Isso se deve, entre outras razões, ao fato de que a era presente se caracteriza pelo uso extremado de técnicas e de normas. O uso extremado das técnicas e a proeminência do pensamento técnico conduzem à necessidade obsessiva de normas. Essa pletora normativa é indispensável à eficácia da ação.

Como, porém, as atividades hegemônicas tendem a uma centralização, consecutiva à concentração da economia, aumenta a flexibilidade dos comportamentos, acarretando um mal-estar no corpo social.

A isso se acrescente o fato de que, graças ao casamento entre as técnicas normativas e a normalização técnica e política da ação correspondente, a própria política acaba por instalar-se em todos os interstícios do corpo social, seja como necessidade para o exercício das ações dominantes, seja como reação a essas mesmas ações. Mas não é propriamente de política que se trata, mas de simples acúmulo de normatizações particularistas, conduzidas por atores privados que ignoram o interesse social ou que o tratam de modo residual. É outra a razão por que a situação normal é de crise, ainda que os famosos equilíbrios macroeconômicos se instalem.

O mesmo sistema ideológico que justifica o processo de globalização, ajudando a considerá-lo como o único caminho histórico, acaba, também, por impor uma certa visão da crise e a aceitação dos remédios sugeridos.

Em virtude disso, todos os países, lugares e pessoas passam a se comportar, isto é, a organizar sua ação, como se a tal "crise" fosse a mesma para todos e como se a receita para afastá-la devesse ser geralmente a mesma. Mas a única crise que se deseja afastar é a crise financeira, não qualquer outra. Aí está, na verdade, uma causa para maior apronfundamento da crise real econômica, social, política e moral que caracteriza o nosso tempo.

Poluição e Escassez de Água - Por Igor Moreira

POLUIÇÃO E ESCASSEZ DE ÁGUA

O Brasil possui a maior reserva mundial de recursos hídricos. Abriga em seu território uma das maiores redes hidrográficas do planeta - metade de toda a água disponível da América do Sul -, além de extensas reservas de água subterrâneas. Apesar de todo esse potencial, o país não está livre do problema da escassez de água.

Uso predatório dos recursos hídricos, poluição, assoreamento dos rios e desperdício são os principais responsáveis pela escassez de água. Segundo o IBGE, as empresas brasileiras de abastecimento de água apresentam índices de perda do produto de até 50%. Nos países desenvolvidos, esses índices não atingem 20%. (...)

Os habitantes das grandes cidades, sobretudo os das regiões metropolitanas, por enquanto são os afetados com a escassez de água. Os mananciais estão sendo prejudicados principalmente por resíduos domésticos e industriais. Até as indústrias, grandes consumidoras, têm se ressentido da falta de água. (...)

Apesar de as cargas de resíduos domésticos serem percentualmente as maiores responsáveis pela poluição dos recursos hídricos urbanos, já que sobre as indústrias incide uma fiscalização mais eficiente para que realizem tratamentos, os dejetos industriais são diversificados e causam grande prejuízo à saúde. (...)


São Paulo 1900, LIV. Kosmos ed., p. 71.


J.Miranda/Editora Abril

No aspecto ambiental, a preservação dos rios não atrai tanto interesse quanto as florestas, a não ser quando causa sérios danos às populações urbanas, como é o caso do rio Tietê em São Paulo. Depois de provocar muitas enchentes e já sem praticamente nenhum resquício de vida, o Tietê ganhou um projeto de despoluição, financiado por capital estrangeiro. A demorada e dispendiosa despoluição do rio poderá resgatar a original utilidade de suas águas.

(Extraído de: Igor Moreira. O Espaço Geográfico - Geografia Geral e do Brasil. São Paulo, Ática, 2002.)